Tubarões exibem uma resiliência evolutiva e uma diversidade que nenhum outro grande predador marinho iguala.
Os tubarões somam mais de 400 milhões de anos de história e atravessaram cinco grandes extinções em massa. Hoje, mais de 500 espécies ocupam praticamente todos os ambientes marinhos, dos recifes rasos ao mar aberto e às zonas profundas. Essa longevidade evolutiva e essa diversidade se traduzem em uma resiliência biológica rara: diferentes formas, dietas e comportamentos que mantêm o grupo adaptável a mudanças profundas. É a assinatura de um projeto natural testado ao extremo, que segue funcionando com eficiência impressionante.
O pacote sensorial dos tubarões oferece precisão de caça extraordinária, mesmo em baixa visibilidade.
As ampolas de Lorenzini detectam campos elétricos na ordem de nanovolts por centímetro, revelando presas camufladas na areia ou no escuro. Seu olfato capta pistas químicas em concentrações ínfimas, enquanto a linha lateral lê vibrações com notável acuidade. Como caçadores geralmente solitários, confiam menos em coordenação social e mais em um arsenal sensorial refinado que funciona dia e noite. O resultado é eficiência de aproximação e ataque com gasto energético contido.
Eficiência hidrodinâmica e potência atlética fazem dos tubarões nadadores excepcionais.
A pele com dentículos dérmicos opera como superfície de baixa fricção; em testes bio-inspirados, estruturas tipo riblet reduzem o arrasto em até cerca de 10%. O esqueleto cartilaginoso leve e flexível favorece manobras rápidas e economia de energia. Algumas espécies, como o tubarão-mako (Isurus oxyrinchus), atingem velocidades superiores a 70 km/h, além de acelerações explosivas. Este conjunto entrega velocidade, eficiência e endurance — um verdadeiro atleta do oceano.
Como reguladores tróficos, os tubarões sustentam o equilíbrio e a saúde dos ecossistemas marinhos.
Predando indivíduos fracos e controlando mesopredadores, os tubarões evitam explosões populacionais e colapsos em cascata. Estudos em recifes remotos do Pacífico e do Índico mostram que sistemas ricos em tubarões tendem a apresentar cadeias alimentares mais estáveis e maior biomassa de peixes. Quando seus números caem, emergem cascatas tróficas que deterioram recifes e pradarias marinhas, com impactos até na pesca costeira. Defender o tubarão é defender a funcionalidade e a produtividade dos oceanos.